Os funcionários dos Correios e Telégrafos decidiram, após assembleia realizada nesta terça-feira (19), suspender os serviços por tempo indeterminado no Piauí. A categoria busca por melhorias nas condições de trabalho e alega que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) teria retirado cláusulas de Saúde do Trabalhador e sugerido alterações que ferem os direitos dos trabalhadores. A greve, que teve início às 22h desta terça, faz parte de um ato nacional.
Segundo Edson Rodrigues, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Piauí (SINTECT/PI), a greve acontece devido um problema pontual, que é retirada de cláusulas do atual acordo coletivo em plena campanha salarial. Ele conta que a pauta é enxuta, de apenas 8% em cima do salário e 10% em cima dos benefícios.
"A empresa está sendo irredutível. Ao invés de apresentar uma proposta que contemple os trabalhadores, está retirando as cláusulas. Então vamos manter a greve firme até que a empresa recue, no sentido de manter as cláusulas vigentes e atender as nossas reivindicações", explica.
Além disso, os Correios divulgaram uma proposta de mudança para 2017/18, que dentre as cláusulas está a retirada de entregas matutinas, ou seja, os Correios só fariam entregas na parte da tarde; a extinção das comissões regionais compostas por empregados, que tinham como objetivo identificar casos de violação de direitos humanos e violência contra a mulher no ambiente de trabalho; excluir a possibilidade de os sindicatos negociarem regionalmente a entrada nas unidades.
De acordo com o sindicato, há um atraso de mais de 40 dias para a negociação da campanha salarial 2017/18. Além dos Correios já ter adiado a reunião duas vezes, houve uma tentativa de adiamento pela terceira vez. A greve é geral, organizada pela Federação Nacional dos Trabalhadores, com comando em Brasília.
Todos os setores estão parados e o funcionamento será apenas interno. O presidente do Sindicato destacou que os serviços de entregar de cartas, encomendas e objetos postais simples estarão totalmente afetados e parados, sobretudo no interior do Piauí. "Não temos como funcionar com uma porcentagem mínimo de trabalhadores, porque a quantidade de funcionários varia muito de acordo com cada setor. Mas se tiver que ser cumprida uma porcentagem, será no geral e muito pontual", acrescenta.
Com dados disponibilizados pelo SINTEC, das 192 agências em todo o Estado e as principais centralizadoras, localizadas em municípios como Picos, Piripiri, Campo Maior, Barras, Batalha, Esperantina, Parnaíba, Floriano, Pedro II e Teresina estão paradas, com adesão de 80%, seguindo para os 100%. No Piauí, há aproximadamente 1.586 trabalhadores dos correios
Greve prejudica entrega atendimento de usuários
De acordo com Edson Rodrigues, o atendimento nas agências dos Correios do Piauí está acontecendo apenas internamente. Já em outros estados, onde a adesão atingiu os 100%, dificilmente os usuários conseguirão realizar qualquer procedimento. Contudo, a população piauiense tem tido dificuldade para receber suas encomendas nas agências, lotando os postos de atendimento e causando muitas reclamações.
É o que conta o engenheiro Cícero Alcântara, que se deslocou para a agência localizada no Monte Castelo, para receber sua encomenda, mas não conseguiu ser atendido. Ele explicou que não haviam funcionários para atender o público e, como o comando de greve determinou que todas as unidades parassem o atendimento geral, os pacotes ficarão retidos por tempo indeterminado.
"Isso prejudica muito, é um grande transtorno. Eu comprei o produto do fornecedor porque estou precisando e agora não sei como vou fazer. Vou ter que entrar em contato com ele novamente e encontrar outra solução para receber. É uma peça cara e eu não sei como pegar", falou Cícero Alcântara.
Já o policial militar Samuel Aragão, que reside no bairro Dirceu, zona Sudeste de Teresina, precisou se deslocar até a GCTCE do Monte Castelo para receber sua encomenda. Ele contou que o pacote retornou para a agência e ai chegar no local foi informado que o serviço estava suspenso por conta da greve.
"Minha encomenda já está atrasada há mais de 10 dias, ai eu chego aqui e ninguém me dá uma resposta. Não tem pessoal para atender, ninguém resolve o problema e com a greve só tem um funcionário para atender toda a população. Eu estou aguardando a mais de uma hora e não me deram nenhuma solução para o meu problema", finalizou o militar.